sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Quatro Mãos Em Uma Noite

Eram os corpos suados, era a definição e o tamanho das mãos daqueles homens que me deixavam sem ar e louco. Era o proibido me tentando pra sempre e vindo se espalhar por toda a minha cabeça só porque era tão errado encontrar uma saída pra aquele problema com músculos e testosterona. Olhando você, eu ficava com muita mais vontade ainda. Nós gostávamos de olhos, e mais ainda de mãos que se espalhavam loucamente por corpos de ambos. Nós gostávamos de ser livres, mas havia regras das quais nós fazíamos e dessas, nós gostávamos. Não negava o fato de que estávamos perdidamente apaixonados pelo errado, a respiração mostrava o que o corpo não fazia, já que era tarde demais pra ficar só olhando e querendo.
As mãos se embaraçavam sem jeito por dentro da causa do outro, as bocas não sabiam o que beijar primeiro. Como uma explosão de sensações,  voce ia entrando em mim. Agarrados e suados, no escuro de um quarto onde mantínhamos a nossa barraca armada para as brincadeiras de criança e esconderijo das broncas dos tios. Alto, forte, e lindo. Loucamente lindo. E meu. Não desejei que o tempo parasse, eu sentia nos seus olhos que voltaríamos a nos ver de novo, pra eu sentir a sua mão quente, outra vez, por dentro da minha calça jeans apertada e rasgada por conta dos tombos que eu levava frequentemente. E continuar com as marcas no pescoço daquela noite que eu não esquecia e que me fazia menos homem pra todos. Proibido era, e você sabia mesmo disso. Só não sabia que ia gostar tanto assim, daquela respiração e daquela vontade que nós tínhamos naquela idade de descobrir que o corpo da gente muda e vão aparecendo vontades pra nós fazer companhia com mais alguém. Que não nos deixam dormir de noite, e nos faz sorrir de ingenuidade. Os 12 anos tinha lá suas prioridades, e nos meus 12 anos tão bem vividos, a minha prioridade era tocar o seu corpo. Ver a sua aquela cara, que mesmo agora, depois de tantos corpos e tantos amores, só você conseguia fazer.
Eu ainda não sei como eu lembro de tanta coisa. E fico aqui me admirando de você, na sua idade, estar casado e não ter filhos. É fachada, eu tenho certeza. E também tinha certeza que você ainda pensava em mim e não havia de se esquecer daquela noite em que eu te fiz menos homem que seu pai queria, daquela noite em que eu joguei pra fora as suas vontades e realizei os seus sonhos. Drinks na sua mão, álcool na cabeça e só assim você voltava no que a gente viveu por algumas horas, que ainda me deixavam acordado tanto tempo. E eu ficava de novo de olhando com os olhos de criança que eu sempre tive, cruzando os dedos, desejando pra cada festa que tinha você ficar bêbado e me levar pra um canto, e a gente fazer mais do que a gente tinha feito na ultima bebedeira. E mais e mais e mais. Que a sua mulher não dava. Ela é mulher, ela não vai conseguir te fazer sentir o que você pode sentir comigo. Mas ai você ficava sobreo e olhava pra minha cara como se já não me conhecesse, morria de medo de colocar a mão em mim e sentir aquela coisa que nós sentíamos, sem a ajuda do álcool. Eu só espero, porque sei que um dia você vai descobrir que naquela noite, enquanto você dormia, eu dizia que te amava e que, um dia, você ia me amar também.

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